O
corpo astral é o veiculo das emoções e dos sentimentos, e, de fato, pode também
ser chamado “corpo emotivo” ou “corpo senciente”.
O
termo astral foi escolhido pela maioria dos estudiosos de ciências esotéricas
para indicar o aspecto luminoso, brilhante, quase “estelar” (astral) desse
corpo, tal como ele se apresenta aos olhos de um clarividente. Alguns autores,
ao contrário, usam esse termo com referência ao corpo etérico, mas isso pode
gerar confusões e mal-entendidos.
O
corpo astral, juntamente com o mental inferior (que analisaremos a seguir), faz
parte de um nível da estrutura do homem que já não é física, mas ainda não é
espiritual, constituindo aquela dimensão que os psicólogos chamam de psique.
Os
orientais usam a expressão Kama-manas (desejo-mente) para refere-se ao conjunto
desses dois corpos, pois, embora sejam na realidade dois veículos bem
distintos, eles se influenciam reciprocamente, misturam-se sem cessar e
confundem as suas vibrações.
De
fato, no homem comum é raro encontrar um intelecto não ofuscado pelas emoções e
pelos sentimentos e uma função emotiva não condicionada ou limitada pela mente.
Queremos
deixar bem claro que libertar o corpo emotivo de influências mentais e o corpo
mental de influências emotivas é uma forma de purificação. A palavra
purificação deriva, com efeito, da raiz sânscrita pur, que significa
“livrar de contaminações”.
O
homem deve aprender a discernir entre o que é mental e o que é emotivo, assim
como a utilizar os seus veículos da maneira correta, reencontrando a sua função
exata. A “confusão funcional” constitui a impureza e o erro, como afirma Sri
Aurobindo.
O
Corpo Astral se compõe de uma energia particular, que tem um comprimento de
onda e características e qualidades próprios que a distinguem tanto da energia
material propriamente dita quanto da energia mental e de qualquer outro tipo de
energia.
Todavia,
nesse corpo existe também um aspecto “consciência”, dotado de qualidades,
faculdades e características que em seu conjunto constituem a função que em
psicologia é chamada emotiva ou do sentimento, ou seja, o conjunto de todas as
emoções, afetos, desejos e sentimentos do homem.
Esse
corpo também se subdivide, como o físico-etérico, em sete subplanos ou gamas
vibratórias que exprimem qualidades e faculdades emotivas, desde as mais baixas
e grosseiras (paixões violentas, ciúme, ódio, ira, medo, angústia, amor sensual
e egoísta, etc.) até as mais elevadas e apuradas (amor desinteressado,
compaixão, simpatia, alegria pura, devoção, emoção mística, emoção estética,
ternura, etc.).
Seu
símbolo é a água, porque a energia que o compõe assemelha-se a uma substância
fluida, móvel e impressionável que “assume a cor e o movimento do seu ambiente,
recebe as impressões de cada desejo fugaz e entra em contato com cada capricho
e fantasia do seu ambiente;
cada
corrente passageira a coloca em movimento; cada som a faz vibrar...” (De Cartas
sobre a Meditação Oculta, de A. A. Bailey.)
E
isso faz com que ele seja exatamente como a água, que também é fluida e móvel e
assume a forma e a cor do recipiente que a contém, refletindo-lhe as menores luzes
e sombras.
Há,
todavia, uma razão oculta para essas características particulares da substância
astral que encobre o verdadeiro objetivo do corpo emotivo. Ele deveria ser o
“refletor” do aspecto Amor do Eu e o “transmissor” deste para os outros.
O
corpo emotivo, quando está calmo e tranquilo, é um instrumento de
sensibilidade, de “empatia”, de união com as outras pessoas; é uma espécie de
ponte que pode colocar-nos em contato com o ambiente e com os outros e
elevar-nos até o Eu, num impulso de pura aspiração.
Em
geral, contudo, por estar agitado, perturbado, movido por desejos e impressões,
ele constitui o maior obstáculo ao progresso espiritual, gerando uma neblina
densa que ofusca a luz e cria miragens e ilusões que nos afastam da direção
correta.
Uma
das características mais interessantes do corpo astral é a sua capacidade de
gerar “formas” e “cores” sob o estimulo de emoções, desejos e sentimentos.
Cada
emoção, dependendo da sua qualidade, manifesta- se com uma cor particular; cada
sentimento, além de expressar-se com a cor, manifesta-se com uma forma...
Todavia,
essas cores e formas mudam sem cessar, não têm estabilidade e consistência e
por isso constituem o que nas doutrinas esotéricas é chamado de a grande
ilusão.
Muitas
pessoas dotadas de clarividênda, astral acreditam ter alcançado um poder muito
importante porque “vêem” essas formas e essas cores, mas não sabem que só
fizeram despertar uma sensibilidade psíquica de nível inferior — fonte de
ilusões, extravios e perigos — que as pessoas primitivas e pouco evoluídas
também possuem.
Na
época da Atlântida, quase todos possuíam essas sensibilidades, porque o centro
mais desenvolvido era o Plexo Solar, correspondente à função emotiva e ligado
ao plano astral.
Esses
poderes ou sensibilidades, entretanto, indicavam apenas o alto desenvolvimento
do corpo emotivo (ou desejo) que aqueles homens alcançaram, sem purificação e
sem o correspondente despertar da consciência espiritual.
Seus
objetivos eram egoístas e negativos, tanto assim que usaram os seus poderes
como Magia Negra, ou seja, para afirmar o eu e satisfazer aos seus instintos.
Essa parece ter sido a causa da destruição daquela civilização.
O
corpo astral, portanto, se for mal-utilizado e não estiver purificado, pode
constituir um dos problemas mais difíceis de serem superados pelo homem, tanto
do ponto de vista oculto quanto do ponto de vista meramente psicológico.
Por
exemplo, a capacidade de ligação e união do corpo emotivo, à qual nos referimos
há pouco, manifesta-se como possessividade e apego mórbido na pessoa pouco
evoluída e ainda identificada com o seu eu inferior.
Na
realidade, por trás de cada apego existe um “movimento” de energia emotiva que
se projeta para uma pessoa ou para um objeto e a ele adere, formando uma
ligação, uma espécie de mecanismo inconsciente de automatismo muito difícil de
superar.
Eis
por que sofremos tanto com cada perda, com cada separação, com o fim de cada
relacionamento, que nos fazem sentir como se uma parte de nós fosse mutilada.
Tudo
isso acontece porque ainda não descobrimos a consciência do verdadeiro eu, do
nosso Eu, que não se apega porque já tem a consciência da Unidade, que não teme
a perda porque já é completo em si mesmo, que não se prende a nada porque é
liberdade absoluta...
Assim
o corpo astral, sendo embora um instrumento necessário para exprimir a
sensibilidade e a capacidade de relacionamento do Eu no plano da manifestação,
deve ser purificado, transformado e usado no sentido correto para poder revelar
sua verdadeira natureza.
Isso
somente poderá acontecer depois que o transcendermos pela superação da
emotividade limitada, dos sentimentos personalistas, dos apegos humanos, dos
desejos de posse, e alcançarmos aquele nível interior no qual se revela a
beleza do Ser.
Enquanto
tivermos necessidade de “ter”, não poderemos “ser”, como diz Eric Fromm.
Voltemos
agora ao aspecto mais “técnico” do corpo astral, ou seja, à sua estrutura e
energia particulares.
Também
ele, como o corpo etérico, penetra o corpo físico denso e preenche todos os
interespaços atômicos, ressaindo-se, a seguir, da forma material como um halo
mais ou menos extenso que se mistura com a aura puramente prânica.
Esse
halo é uma irradiação que pode ser percebida, ou até vista, por quem tenha essa
capacidade e revela o estado de ânimo, a qualidade emocional, a vibração do
indivíduo.
No
que concerne às cores e à forma (que, como já dissemos, indicam sentimentos,
emoções, etc.), pode-se dizer que mesmo não sendo clarividente é possível ter
uma noção a respeito delas, inclusive através de sonho que assumem um caráter
particularmente vívido.
De
fato, os sonhos, como diz a psicologia, podem ser tanto a representação
simbólica de nossos estados inconscientes quanto uma verdadeira experiência na
dimensão astral (ou plano astral) onde o corpo astral vive durante o sono do
corpo físico.
O
vermelho, em geral, indica o aspecto Amor do homem. Mas, dependendo de sua
clareza, luminosidade e tonalidade, ele indica um amor mais ou menos puro e
desinteressado.
De
fato, essa cor pode apresentar-se nas tonalidades do vermelho- escuro e até
manchado de marrom; nesse caso, significa paixão e sensualidade; ou então nas
tonalidades do vermelho vivo e brilhante, indicando um amor puro, conquanto
ainda humano e imbuído de apego;
ou,
enfim, pode apresentar-se na tonalidade rósea, da mais viva e acesa à mais
clara; nesse caso, corresponde a um amor que nada tem de instintivo e sensual,
mas se inclina a “dar”, a proteger, a ajudar, como pode suceder com o amor
materno, a amizade, etc.
O
verde costuma indicar “adaptabilidade”, ou seja, aquela qualidade de
flexibilidade, sensibilidade e participação que permite criar uma “ponte” com
as pessoas e as coisas.
Dependendo
da tonalidade e do matiz do verde, a adaptabilidade pode ser mais ou menos
consciente e verdadeira. Pode haver também uma falsa adaptabilidade, que cheira
a hipocrisia, ou uma adaptabilidade inconsciente, que melhor seria chamar de
passividade, influenciabilidade, fraqueza...
O
azul e o violeta, com todos os seus matizes, indicam religiosidade e
espiritualidade mais ou menos livres e autênticas.
Em
todos os casos a clareza e o brilho das cores indicam a qualidade elevada que
elas têm e a pureza do sentimento que as provocou.
O
amarelo e o laranja também estão presentes na aura astral, conquanto essas duas
cores, de acordo com os estudiosos, pertençam mais ao nível mental do que ao
nível emotivo. Entretanto, há um reflexo do nosso mundo intelectual também na
natureza emocional que, como já dissemos, é movida e influenciada pelo pensamento.
O
laranja é o pensamento misto de orgulho e ambição, enquanto o amarelo indica
busca intelectual pura e desinteressada.
As
cores escuras, como o marrom, o cinza e o preto, indicam estados de espírito
negativos e pouco elevados, como medo, ódio, ciúme, inveja, rancor,
sensualidade grosseira, etc.
E
interessante lembrar que hoje em dia a própria ciência está se aproximando, de
forma indireta, da descoberta do valor, do significado e do poder misterioso
das cores...
Estão-se
efetuando pesquisas sobre a cromoterapia, ou seja, a utilização das cores para
curar doenças físicas e psíquicas, e sobre o significado psicológico da escolha
das cores na arte e na maneira de se expressar.
Admite-se
hoje que cada cor tem um comprimento de onda próprio e produz certo tipo de
vibração. Em outras palavras, está sendo descoberta a relação entre a cor e a
emoção.
O
critério a levar em conta quando se estuda o homem do ponto de vista esotérico
é que “tudo é energia”. Esse critério é a chave tanto para se entender as
complexas manifestações da natureza humana quanto para se encontrar uma ponte
entre as doutrinas esotéricas e a ciência.
O
caminho a ser percorrido por essa última ainda é bastante longo, mas é de
esperar que ele conduza inevitavelmente o pesquisador honesto, sério e livre de
preconceitos a descobrir a realidade misteriosa que se oculta por trás das
aparências dos fenômenos.
Autora: Ângela
Maria La Sala Batà