O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é
caracterizado pela presença de obsessões ou compulsões que causam um mal-estar
intenso, consomem muito tempo (mais de uma hora por dia, pelo menos) e
interferem na vida cotidiana da pessoa em diversos aspectos, como no trabalho,
nas atividades sociais e no convívio familiar.
O que são obsessões? São pensamentos recorrentes e insistentes que se
caracterizam por serem desagradáveis, repulsivos e contrários à índole do
paciente. Por exemplo, uma pessoa honesta tem pensamentos recorrentes de roubo,
trapaça e traição; uma pessoa religiosa tem pensamentos pecaminosos, obscenos e
de sacrilégios. Os pensamentos obsessivos não são controláveis pelos próprios
pacientes. Ter um pensamento recorrente pode ser algo apenas desagradável, como
uma musiquinha aborrecida ou um problema não resolvido, mas ter obsessões é
patológico porque causa significativa perda de tempo, queda no rendimento
pessoal e sofrimento pessoal. Como o paciente perde o controle sobre os
pensamentos, muitas vezes passa a praticar atos que, por serem repetitivos,
tornam-se rituais: são as compulsões.
As compulsões são gestos, rituais
ou ações sempre iguais, repetitivas e incontroláveis. Muitas vezes têm a
finalidade de prevenir ou aliviar a tensão causada pelos pensamentos
obsessivos. Assim, as compulsões podem ser secundárias às obsessões. Um
paciente que tente evitar as compulsões acaba submetido a uma tensão
insuportável, por isso sempre cede às compulsões.
Os pacientes nunca perdem o juízo
a respeito do que está acontecendo consigo próprios e percebem o absurdo ou
exagero do que está se passando; mas como não sabem o que está acontecendo,
temem estar enlouquecendo e, pelo menos no começo, tentam esconder seus
pensamentos e rituais. No transtorno obsessivo-compulsivo, os dois tipos de
sintomas quase sempre estão juntos, mas pode haver a predominância de um sobre
o outro. Um paciente pode ser mais obsessivo que compulsivo ou mais compulsivo
do que obsessivo.
Sintomas
O transtorno
obsessivo-compulsivo é classificado como um transtorno de ansiedade por causa
da forte tensão que sempre surge quando o paciente é impedido de realizar seus
rituais. Mas a ansiedade não é o ponto de partida desse transtorno como nos
demais transtornos dessa classe: o ponto de partida são os pensamentos
obsessivos ou os rituais repetitivos.
Há formas mais brandas desse distúrbio nas quais o paciente tem apenas
obsessões ou as compulsões são discretas, sendo as obsessões pouco significativas.
As obsessões são ideias, imagens ou impulsos que “entram na mente” do indivíduo
repetitivamente de forma involuntária, gerando ansiedade e mal-estar.
Esses pensamentos são angustiantes e podem envolver diversos temas, como
violência, presságios catastróficos, obscenidades, contaminação, necessidade de
ordem e simetria. Esses pensamentos frequentemente são reconhecidos pelos
pacientes como sendo próprios, embora sejam involuntários e, muitas vezes,
repugnantes. Os pacientes geralmente tentam resistir a esses pensamentos, sem
sucesso na maior parte das vezes.
Abaixo, alguns exemplos de obsessões:
·
Medo
exagerado de contaminar-se com microrganismos ou doenças ao tocar objetos do
dia-a-dia;
·
Pensamentos
recorrentes de que pessoas próximas estejam correndo risco de vida;
·
Pensamentos
sexuais urgentes e intrusivos;
·
Dúvidas
morais e religiosas;
·
Pensamentos
proibidos;
·
Medo de
perder o controle ou de agredir outras pessoas sem justificativa;
·
Dúvidas
repetitivas sobre atividades corriqueiras, como desligar lâmpadas, trancar
portas ou desligar o fogão.
As compulsões podem ser rituais repetitivos ou atos mentais (contar, rezar e
outros) que habitualmente diminuem o mal-estar gerado pelos pensamentos
obsessivos. Esses hábitos não são agradáveis, nem resultam na execução de
tarefas úteis.
Alguns exemplos de compulsões:
·
Lavar
excessivamente as mãos para diminuir o temor de contaminação;
·
Benzer-se
repetidamente ou rezar contra “pensamentos proibidos”;
·
Verificar
repetidamente se a porta está trancada, se as luzes estão apagadas ou se o
fogão está desligado;
·
Ter que
realizar certos atos, para evitar o acontecimento de desgraças;
·
Repetir
determinados gestos;
·
Tocar
objetos;
·
Contar
objetos;
·
Ordenar
ou arrumar os objetos de uma determinada maneira.
Reconhecimento
As pessoas com TOC geralmente têm considerável consciência do seu problema. Na
maioria das vezes, elas sabem que seus pensamentos obsessivos são sem sentido
ou exagerados e que seus comportamentos compulsivos não são realmente
necessários. Entretanto, tal conhecimento não é suficiente para libertá-las de
sua doença.
Controle
A maioria das pessoas com TOC esforça-se para se livrar dos indesejáveis
pensamentos obsessivos e para evitar comportamentos compulsivos. Muitos são
capazes de controlar seus sintomas obsessivo-compulsivos quando estão no
trabalho ou na escola. Porém, com o passar do tempo, a resistência pode
enfraquecer e, quando isso acontece, o TOC pode se tornar tão grave que os
longos rituais passam a dominar a vida da pessoa, impossibilitando-a de
continuar suas atividades fora de casa.
Vergonha e Segredo
As
pessoas com TOC geralmente tentam esconder seu problema ao invés de procurar
ajuda. Frequentemente conseguem esconder muito bem seus sintomas
obsessivo-compulsivos dos amigos e colegas de trabalho. Uma infeliz
consequência disso é que as pessoas com TOC só recebem ajuda profissional
muitos anos após o início de sua doença. Nessa ocasião, os hábitos
obsessivo-compulsivos podem estar profundamente arraigados e muito difíceis de
mudar.
Frequência
Há algumas décadas, o TOC era considerado um transtorno raro. Com o avanço das
pesquisas na área, houve um aumento na frequência de seu diagnóstico e,
atualmente, acredita-se que ocorra em 1 a 3% da população.
Causas
O fato de que alguns pacientes com TOC respondem bem a medicamentos específicos
sugere que o transtorno tenha uma base neurobiológica. Por essa razão, não se
atribui mais o TOC a comportamentos aprendidos na infância – por exemplo,
ênfase excessiva em limpeza ou a crença de que certos pensamentos sejam perigosos
ou inaceitáveis. Ao contrário, a pesquisa das causas atualmente se concentra na
interação entre fatores neurobiológicos e influências ambientais. Acredita-se
que pessoas que desenvolvem TOC tenham uma predisposição biológica a reagir de
forma acentuada ao “stress”. Tal reação se manifesta sob a forma de pensamentos
intrusivos e desagradáveis, que geram mais ansiedade e “stress”, criando, por
fim, um círculo vicioso do qual a pessoa não consegue sair sem ajuda.
Pesquisas sugerem que a doença
está relacionada a problemas de comunicação entre a parte frontal do cérebro e
estruturas mais profundas. Estas estruturas utilizam o mensageiro químico
serotonina. Considera-se que no TOC esse mensageiro encontra-se em níveis
diminuídos.
Idade de início e Evolução
O TOC pode iniciar-se em qualquer momento desde a idade pré-escolar até a idade
adulta. No entanto, estudos recentes mostram que 80% dos adultos com TOC
identificam o início dos sintomas antes dos 18 anos.
Esse transtorno apresenta dois
picos de incidência. O primeiro na infância e o segundo em torno dos trinta
anos de idade. Muitas crianças apresentam esse problema nessa fase e depois
nunca mais têm nada. Outras continuam tendo durante a vida adulta. Os adultos
também apresentam oscilações do problema; podem ficar livres dos sintomas e dos
remédios, mas também podem precisar de uso contínuo. Esse transtorno incide
aproximadamente com a mesma frequência em homens e mulheres, com pequenas
diferenças de um estudo para outro. Nas crianças observa-se um aparecimento um
pouco mais comum nos meninos.
Diagnóstico
Os pacientes com TOC podem ser muito reservados em relação aos seus sintomas,
podem guardá-los em segredo ou ter dificuldades em reconhecê-los como tal. Por
isso, demoram em média 7,5 anos antes de procurar ajuda psiquiátrica. Mesmo
quando isso acontece, frequentemente não se identifica o TOC, seja pela
presença de outros sintomas ou de co-morbidades que se desenvolvem ao longo da
evolução da doença. Em média, os pacientes com TOC visitam 3 a 4 médicos e
passam anos buscando tratamento antes de receber um diagnóstico correto e o
tratamento adequado.
Além dos sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo, são necessários outros
critérios para fechar o diagnóstico. O tempo gasto com os sintomas deve ser de
no mínimo uma hora por dia ou, quando o tempo for inferior a isso, é necessária
a existência de marcante aborrecimento ou algum prejuízo pessoal. É preciso que
em algum momento o paciente reconheça que o que está acontecendo seja
excessivo, exagerado, injustificável ou anormal. Isso faz com que o paciente
ache que está enlouquecendo e tente esconder o que se passa. Fica assustado e,
quando chega ao médico, apresenta essa preocupação. Ao contrário do que se pode
pensar, a impressão que o paciente tem a respeito de si mesmo é um sinal de bom
funcionamento mental, pois o paciente consegue reconhecer algo de errado em si
mesmo. Os sintomas não podem ser dependentes de outro transtorno, como, por
exemplo, se a preocupação tem como foco a possibilidade de ter novos ataques de
pânico não se pode fazer o diagnóstico de transtorno
obsessivo-compulsivo.
Tratamento
O primeiro passo no tratamento do TOC é conscientizar o paciente e sua família
sobre a doença e seu tratamento.
Durante os últimos anos desenvolveram-se dois tratamentos eficazes para o TOC:
a terapia cognitivo-comportamental e o tratamento com medicamentos,
principalmente antidepressivos. Qualquer tratamento consta de duas fases: a
primeira, de tratamento agudo, destina-se a abreviar o episódio atual de TOC, e
a segunda, de manutenção, com objetivo de evitar recaídas. A maioria dos
especialistas recomenda consultas de seguimento frequentes nos primeiros meses
do tratamento e a manutenção do tratamento por um prazo variável antes de
tentar suspender a medicação.
Casos típicos
A seguir apresentamos alguns
exemplos típicos de TOC:
- Perturbada por pensamentos repetitivos de que
pode ter se contaminado ao tocar maçanetas e outros objetos “sujos”, uma adolescente
passa horas todo dia lavando as mãos. Suas mãos estão vermelhas e irritadas, e
sobra pouco tempo para suas atividades sociais.
- Um homem de meia-idade é atormentado pela ideia
de que pode ferir outras pessoas por negligência. Não consegue sair de casa sem
antes passar por um longo ritual de verificação, onde se certifica diversas
vezes de que os bicos de gás do fogão e as torneiras estão fechados.
- Várias vezes ao dia uma jovem mãe é dominada pelo
terrível pensamento de que vai agredir seu filho. Embora se esforce muito, não
consegue se livrar dessa ideia dolorosa e preocupante. Ela se recusa até a
tocar em facas de cozinha e outros utensílios pontiagudos, por ter medo de que
possa utilizá-los como armas.
Se o TOC se tornar grave, pode comprometer seriamente as atividades de uma
pessoa em casa, no trabalho ou na escola. Por isso é importante conhecer mais
sobre esse transtorno e os tratamentos que são disponíveis no momento.
Texto compilado a partir de informações colhidas
nos sites:
Trabalho de pesquisa feito por Ciro Ferreira, aluno
do Curso de Psicoterapia Reencarnacionista em 2012-2013 em Salvador, futuro monitor jr. em Brasília.
(Ler sob a ótica reencarnacionista e a
veracidade da existência de seres de pouca consciência nos afetando invisivelmente)