Não seja um modelador de pessoas!
Infelizmente a falta de paciência, a
intolerância, a presunção, a arrogância e o controle são características
negativas presentes na maioria das pessoas que vivem nesse planeta. Poucas
pessoas estão isentas dessas atitudes negativas. Portanto, essa é uma realidade
presente na história das pessoas que vivem uma vida conhecida como normal, e
mesmo que queiramos negar, basicamente somos intolerantes!
Onde isso repercute mais em nossas
vidas? Com certeza em diversas áreas de nossa existência, mas sem dúvida alguma,
principalmente nos relacionamentos.
Tudo que criticamos nas pessoas
envolve a falta de tolerância, falta de amor ou compaixão. Queremos, em cem por
cento dos casos, que as outras pessoas se comportem como nós achamos que elas
devam se comportar. E o pior, costumamos gostar mais de uma pessoa, no sentido
da afinidade mesmo, quando essa se comporta de forma mais parecida com aquilo
que nós consideramos certo.
Não dá para negar que afinidades surgem naturalmente nas nossas vidas, e
também não quero dizer que essas sintonias saudáveis entre pessoas não sejam
importantes. Claro que são! Apenas quero lembrar que não costumamos nos
relacionar com maior proximidade ou intimidade, com pessoas que não se
comportam como achamos que elas devam se comportar. E de novo, não me refiro a
conduta moral, ética e valores, porque é claro que esses aspectos precisam ser
sempre ponderados nos relacionamentos que temos em todos os níveis. Não vou
escolher um estelionatário para sócio, sabendo que o passado dele é envolvido
por atitudes criminosas ou no mínimo suspeitas. Também teremos dificuldades de
confiar em alguém que já agiu de modo errado em outra circunstância. Então
devemos sim escolher relacionamentos que estejam na mesma sintonia de valores e
código moral, mas as emoções... Essas nos enganam.
É comum você não gostar de uma pessoa
simplesmente porque ela tem um tom de voz excessivamente grave, ou agudo, ou
baixo, ou alto. Como você tem registros internos de não tolerar oscilações de
voz em qualquer pessoa, então quando conhece e se relaciona com alguém assim,
nitidamente irá se irritar também. Você pode ter uma crença interna que pessoas
com sotaque do sul são antipáticas. Uma vez que você conhece alguém assim,
imediatamente já se fecha porque não gosta daquele tipo de sotaque.
Tudo que buscamos externamente traduz
o que sentimos internamente. Estamos o tempo todo buscando conforto, buscando
“acomodar” as nossas emoções da melhor maneira dentro de nós mesmos. Procuramos
o conforto em todos os sentidos, é natural, pois queremos nos sentir bem.
É aí que um grande erro começa, pois
sem querer, ou sem perceber, e pior ainda, sem ter o mínimo direito, começamos
a querer modelar pessoas!
Modelamos as pessoas controlando os relacionamentos em todos os níveis,
fazendo de tudo para que elas se comportem da forma como mais nos conforta!
Quanta arrogância!
Não se assuste, apenas reflita, pois
eu faço, você faz e todos nós fazemos! Aceite essa verdade atual, o amor
incondicional ainda não está impregnado em nossas veias! O nosso amor é
totalmente condicional.
Duvida de mim? Acha que eu estou
exagerando? Acha mesmo?
Então vamos refletir um pouco...
Por que gostamos de determinada
pessoa, seja em qualquer nível de relacionamento? Porque necessariamente essa
pessoa é alguém que também nos retribui afeto, faz coisas que nos agradam, faz
com que sintamos emoções positivas. Certo? E se essa pessoa parar de se
comportar assim? E se as atitudes dela não necessariamente agradarem mais? Nós
continuaremos amando essa pessoa?
Provavelmente manteremos um resquício
de amor, mas muita coisa vai mudar nessa relação. Salvo os casos de mães e
filhos, em que podemos encontrar uma grande intensidade do verdadeiro amor
incondicional, nas outras relações, dificilmente o magnetismo dessa união irá
continuar existindo. Isso porque não gostamos exatamente de outra pessoa, mas
do que ela faz por nós, ou melhor, da emoção que ela desperta, como por
exemplo: carinho, alegria, conforto, acolhimento, aceitação, etc.
E se a pessoa por meio de outras atitudes não mais estimular essas
emoções em nós? Nós continuaremos a gostar dela da mesma forma? Provavelmente
não, exceto no caso de mães, como já comentado!
Quando as pessoas próximas a nós
começam a ter novas ideias, novos caminhos, novos conceitos – porque todo mundo
muda – e essa mudança não necessariamente agradar, nesse momento o nosso
relacionamento com elas começa a se complicar. Complica porque começamos a
querer que a pessoa aja de outra forma, que certamente não será a que ela acha
correta, mas a que nós entendermos ser!
Nesse caminho, vamos ficando
críticos, controladores, intolerantes, ardilosos, impiedosos, em resumo, nos
tornamos modeladores de pessoas!
Esse não é um bom caminho!
Definitivamente não é!
E qual a solução para isso? Como
contornar tais situações tão comuns?
Aprendendo a aceitar as pessoas como
elas são. Mantendo a liberdade nas relações, cultivando o respeito pelas
vontades alheias e entendendo principalmente que ninguém, ninguém mesmo é
responsável pela sua felicidade. Da mesma forma, jamais aceite o peso da
responsabilidade de fazer alguém feliz.
Quando o comportamento de alguém lhe
fizer mal, não tente mudar a pessoa, esse é o pior caminho, mais sofrido, mais
tortuoso, mais custoso, mais escuro. Nessas situações de divergências olhe para
dentro de você e perceba quais são as emoções que surgem com a situação. É
ciúmes, medo de perder, a necessidade de aprovação, a ansiedade, o pessimismo,
seja qual for a emoção negativa, preste atenção nela e não dê tanto foco
naquelas atitudes alheias que você julga equivocada.
Dando atenção ao seu Eu interior você perceberá que sempre busca
relações que lhe tragam conforto emocional de acordo com suas crenças, e que
sempre esse seu (e unicamente seu) código emocional interno for quebrado por
atitudes alheias julgadas por você como destoantes, as mágoas, os conflitos e
as confusões começarão. Uma vez que você pare de procurar relações com o
objetivo de confortar as suas emoções internas, mas principalmente com a ideia
de conviver bem com o mundo, encontrando plenitude e bem viver, você perceberá
uma mudança drástica na qualidade de seus relacionamentos.
Não seja um modelador de pessoas,
seja um transformador de emoções negativas em positivas, porque esse é o
segredo para estabelecer relações pautadas no amor e consequentemente na
verdade que liberta!
POR BRUNO GIMENES.
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